quarta-feira, 30 de março de 2011

estavas louca.

Saltavas na cama parecias uma pulga em brasa, não paravas quieta. Quase que ias contra as paredes como uma mosca mole de verão, fáceis de esborrachar.
Não te lembras?
A mim lembravas-me uma tonta. Só te faltava cair ao chão.
De seguida caíste claro, com o lençol enrolado ás pernas e aos pés, com unhas vermelhas, de velha.
Caíste e riste-te, desalmadamente. Hiena burra.
Eu chorava a rir de te ver tão parva e bêbada.
Nunca te deviam ter dado três copos de vinho e um martini seguido de cervejas incontáveis. Despejaste tudo para dentro de ti. Parecias um tanque de lavar a roupa, mas estavas despida, completamente louca. A rebolar sobre ti mesma num acto de masoquismo.
Caí ao chão também, sóbrio. Não aguentava o estômago de tanto sorrir de gozo de ti!
Levanta-te gritava eu. Não ouvias nada. Cantavas musica pimba aos berros. Os vizinhos vieram á janela e estavas a vomitar por todo o lado. Uma porca.
Um dia explicas-me porque assim foi? Eu continuo a rir-me de ti e de nós. Que dois. Que trastes. Tu bêbada eu sóbrio, mas pior que tu.
Não aguentei! Tive de te arranjar um alguidar, cheirava mal.

terça-feira, 29 de março de 2011

não vinhas, esperei e fartei a minha paciencia, por isso fui.

finalmente sabia que vinhas
sabia que ias chegar
até mim

dizias que talvez chegasses depois
não vens depressa nem rápido
fico á espera muito ou pouco

falávas á cerca de vires para ficar
sem sair mais
ficares aqui sentada entre mim

chega
chega já
desejo ver-te num instante

pensavas que não ia estar
bem estou
e não vou andar daqui para lado algum

disse-te que chegasses e viesses
aliás que viesses e chegasses hoje
antes de amanhã

atrasavas-te sem querer nem pedir
demoravas tanto quanto o sol a dar a sua volta diária
tanto quanto eu a acreditar

ainda aqui estou
sim
não vou já disse e sabes

a tua chegada está para pouco breve
ao que parece
estou a perder a vontade de te esperar viva

ouvias a voz a chamar
ao fundo
a dizer "despacha-te"

adormeci agora para ti
para sempre
até que não voltes nunca

pedias desculpas esfarrapadas e desleixadas
ficavas indignada
como um cão sem culpa

mas foi tua essa culpa
que eu aqui esperei e sem unhas fiquei
agora vou eu fugir

adiantar a minha viagem sem regresso
sem bilhete picado
sem te ter posto a vista em cima

nem pelo cu do olho te vi
assim de lado e de longe
nem pela estrada te ouvi a aparecer

choravas triste
parva
estranha

desapareci
mesmo assim
como tu nunca vieste aqui

adeus
de ambas as partes
tristes e partidas

sábado, 26 de março de 2011

hoje é sábado...

hoje é sábado e a chuva acordou na minha e nossa cidade triste do sol que falta. É sábado e não me vejo na rua. A ouvir músicas dificeis me deito entre as colchas da cama apoiando a cabeça em almofadas lisas. Beber canecas de leite e comer biscoitos fará parte deste dia cinzento, cantar sem gritar aliar-se há ao dia de hoje, menos feliz, onde a chuva vive e cai.
Com sombras e luz cinzenta é salpicada a casa atravéz de vidros molhados de pingos finos e fartos. De plantas tenho o móvel amado, estas que tornam o dia de hoje menos triste, apenas um bocadinho, pequeno.
De vozes negras encho os meus ouvidos, de alma é feito este dia, sem sol...

os dois na praia . o interesse e o desprezo .

loira e alta, apenas se dirigiu á beira-mar. Saída da esplanada do bar da praia, descalça. Dedo na boca enterrado na areia. De sal lambido de sol colhido.
Virou a cabeça para trás, rodada olhava sobre o ombro, arranhando um rapaz no horizonte pensava.
Com o vento a soprar-lhe as madeixas piscava o olho.
Desprezo o rapaz soltou, com o braço caído agarrando um copo meio vazio, de gim. Na outra mão um cigarro feio, mal enrolado, aceso. De areia entre os dedos dos pés e chapéu branco de palha baixou os óculos de sol e viu, olhando.
Ela queria, ele não.
Saiu de cena o rapaz, desinteressado. Ajoelhada a rapariga caiu na borda do mar, chorando fechou os olhos de tristeza e fugiu de si mesma, desmaiando na praia, de sol ao fundo.

segunda-feira, 14 de março de 2011

. . .

nem sabe se o sol vai nascer depois

nem o campo sabe se vai colher a dor

do homem que já não sente sabor

já leu que não fez nada

sem amar a sua amada

com a garganta rija que lhe dói

na alma gelada de uma cabeça velha

que o mar não suba e caia

que as trevas não ardam em seus olhos

no amor que a febre sente

na saia do caminho de ferro

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