Saltavas na cama parecias uma pulga em brasa, não paravas quieta. Quase que ias contra as paredes como uma mosca mole de verão, fáceis de esborrachar.
Não te lembras?
A mim lembravas-me uma tonta. Só te faltava cair ao chão.
De seguida caíste claro, com o lençol enrolado ás pernas e aos pés, com unhas vermelhas, de velha.
Caíste e riste-te, desalmadamente. Hiena burra.
Eu chorava a rir de te ver tão parva e bêbada.
Nunca te deviam ter dado três copos de vinho e um martini seguido de cervejas incontáveis. Despejaste tudo para dentro de ti. Parecias um tanque de lavar a roupa, mas estavas despida, completamente louca. A rebolar sobre ti mesma num acto de masoquismo.
Caí ao chão também, sóbrio. Não aguentava o estômago de tanto sorrir de gozo de ti!
Levanta-te gritava eu. Não ouvias nada. Cantavas musica pimba aos berros. Os vizinhos vieram á janela e estavas a vomitar por todo o lado. Uma porca.
Um dia explicas-me porque assim foi? Eu continuo a rir-me de ti e de nós. Que dois. Que trastes. Tu bêbada eu sóbrio, mas pior que tu.
Não aguentei! Tive de te arranjar um alguidar, cheirava mal.
quarta-feira, 30 de março de 2011
terça-feira, 29 de março de 2011
não vinhas, esperei e fartei a minha paciencia, por isso fui.
finalmente sabia que vinhas
sabia que ias chegar
até mim
dizias que talvez chegasses depois
não vens depressa nem rápido
fico á espera muito ou pouco
falávas á cerca de vires para ficar
sem sair mais
ficares aqui sentada entre mim
chega
chega já
desejo ver-te num instante
pensavas que não ia estar
bem estou
e não vou andar daqui para lado algum
disse-te que chegasses e viesses
aliás que viesses e chegasses hoje
antes de amanhã
atrasavas-te sem querer nem pedir
demoravas tanto quanto o sol a dar a sua volta diária
tanto quanto eu a acreditar
ainda aqui estou
sim
não vou já disse e sabes
a tua chegada está para pouco breve
ao que parece
estou a perder a vontade de te esperar viva
ouvias a voz a chamar
ao fundo
a dizer "despacha-te"
adormeci agora para ti
para sempre
até que não voltes nunca
pedias desculpas esfarrapadas e desleixadas
ficavas indignada
como um cão sem culpa
mas foi tua essa culpa
que eu aqui esperei e sem unhas fiquei
agora vou eu fugir
adiantar a minha viagem sem regresso
sem bilhete picado
sem te ter posto a vista em cima
nem pelo cu do olho te vi
assim de lado e de longe
nem pela estrada te ouvi a aparecer
choravas triste
parva
estranha
desapareci
mesmo assim
como tu nunca vieste aqui
adeus
de ambas as partes
tristes e partidas
sabia que ias chegar
até mim
dizias que talvez chegasses depois
não vens depressa nem rápido
fico á espera muito ou pouco
falávas á cerca de vires para ficar
sem sair mais
ficares aqui sentada entre mim
chega
chega já
desejo ver-te num instante
pensavas que não ia estar
bem estou
e não vou andar daqui para lado algum
disse-te que chegasses e viesses
aliás que viesses e chegasses hoje
antes de amanhã
atrasavas-te sem querer nem pedir
demoravas tanto quanto o sol a dar a sua volta diária
tanto quanto eu a acreditar
ainda aqui estou
sim
não vou já disse e sabes
a tua chegada está para pouco breve
ao que parece
estou a perder a vontade de te esperar viva
ouvias a voz a chamar
ao fundo
a dizer "despacha-te"
adormeci agora para ti
para sempre
até que não voltes nunca
pedias desculpas esfarrapadas e desleixadas
ficavas indignada
como um cão sem culpa
mas foi tua essa culpa
que eu aqui esperei e sem unhas fiquei
agora vou eu fugir
adiantar a minha viagem sem regresso
sem bilhete picado
sem te ter posto a vista em cima
nem pelo cu do olho te vi
assim de lado e de longe
nem pela estrada te ouvi a aparecer
choravas triste
parva
estranha
desapareci
mesmo assim
como tu nunca vieste aqui
adeus
de ambas as partes
tristes e partidas
sábado, 26 de março de 2011
hoje é sábado...
hoje é sábado e a chuva acordou na minha e nossa cidade triste do sol que falta. É sábado e não me vejo na rua. A ouvir músicas dificeis me deito entre as colchas da cama apoiando a cabeça em almofadas lisas. Beber canecas de leite e comer biscoitos fará parte deste dia cinzento, cantar sem gritar aliar-se há ao dia de hoje, menos feliz, onde a chuva vive e cai.
Com sombras e luz cinzenta é salpicada a casa atravéz de vidros molhados de pingos finos e fartos. De plantas tenho o móvel amado, estas que tornam o dia de hoje menos triste, apenas um bocadinho, pequeno.
De vozes negras encho os meus ouvidos, de alma é feito este dia, sem sol...
Com sombras e luz cinzenta é salpicada a casa atravéz de vidros molhados de pingos finos e fartos. De plantas tenho o móvel amado, estas que tornam o dia de hoje menos triste, apenas um bocadinho, pequeno.
De vozes negras encho os meus ouvidos, de alma é feito este dia, sem sol...
os dois na praia . o interesse e o desprezo .
loira e alta, apenas se dirigiu á beira-mar. Saída da esplanada do bar da praia, descalça. Dedo na boca enterrado na areia. De sal lambido de sol colhido.
Virou a cabeça para trás, rodada olhava sobre o ombro, arranhando um rapaz no horizonte pensava.
Com o vento a soprar-lhe as madeixas piscava o olho.
Desprezo o rapaz soltou, com o braço caído agarrando um copo meio vazio, de gim. Na outra mão um cigarro feio, mal enrolado, aceso. De areia entre os dedos dos pés e chapéu branco de palha baixou os óculos de sol e viu, olhando.
Ela queria, ele não.
Saiu de cena o rapaz, desinteressado. Ajoelhada a rapariga caiu na borda do mar, chorando fechou os olhos de tristeza e fugiu de si mesma, desmaiando na praia, de sol ao fundo.
Virou a cabeça para trás, rodada olhava sobre o ombro, arranhando um rapaz no horizonte pensava.
Com o vento a soprar-lhe as madeixas piscava o olho.
Desprezo o rapaz soltou, com o braço caído agarrando um copo meio vazio, de gim. Na outra mão um cigarro feio, mal enrolado, aceso. De areia entre os dedos dos pés e chapéu branco de palha baixou os óculos de sol e viu, olhando.
Ela queria, ele não.
Saiu de cena o rapaz, desinteressado. Ajoelhada a rapariga caiu na borda do mar, chorando fechou os olhos de tristeza e fugiu de si mesma, desmaiando na praia, de sol ao fundo.
segunda-feira, 14 de março de 2011
. . .
nem sabe se o sol vai nascer depois
nem o campo sabe se vai colher a dor
do homem que já não sente sabor
já leu que não fez nada
sem amar a sua amada
com a garganta rija que lhe dói
na alma gelada de uma cabeça velha
que o mar não suba e caia
que as trevas não ardam em seus olhos
no amor que a febre sente
na saia do caminho de ferro
nem o campo sabe se vai colher a dor
do homem que já não sente sabor
já leu que não fez nada
sem amar a sua amada
com a garganta rija que lhe dói
na alma gelada de uma cabeça velha
que o mar não suba e caia
que as trevas não ardam em seus olhos
no amor que a febre sente
na saia do caminho de ferro
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