A mesa de pedestal estava fria.
Ela tinha uma nota na carteira.
Um gancho preso á madeixa.
Pegou no copo e ficou,
em pé quieta a olhar.
Tinha os lábios no copo.
O vestido era curto,
fino e colado ao corpo.
Nos seus olhos via-se odio.
Seu rosto,
de mulher.
As pernas,
finas.
Deixou cair o braço,
enfiou a mão na carteira.
De lá tirou a nota.
No balcão a deitou,
pagou a bebida,
despejada no copo.
O copo a meio,
o gancho semi-solto,
a madeixa a fujir-lhe.
Todo o copo bebeu,
de vinho o livrou.
Cabeça leve,
corpo quente.
Caminhou de volta para a mesa.
Onde tinha a alma presa.
De lábios caiu ao chão.
De sangue cobriu a sua mão,
de desgosto lhe partiu o coração.
Ficou.
Morreu de tristeza,
ainda com a alma presa,
á mesa de pedestal.
Fria terminou,
quente começou.
Foi-se.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
numa noite de sono quente.
beira sem eira
um pé na lareira
mãos frias aquecidas ao fogo morno
lã a meus pés
cadeira de baloiço
tecido ao xadrês
um bater de dentes chato
raio de sol no vidro claro
fita de pele ao pescoço
a pedra no fundo do sapato
canhão de amor ao canto
jarra com agapanto
farinha fina de trigo
amor de coração partido
Francisco Hipólito Magalhães.
um pé na lareira
mãos frias aquecidas ao fogo morno
lã a meus pés
cadeira de baloiço
tecido ao xadrês
um bater de dentes chato
raio de sol no vidro claro
fita de pele ao pescoço
a pedra no fundo do sapato
canhão de amor ao canto
jarra com agapanto
farinha fina de trigo
amor de coração partido
Francisco Hipólito Magalhães.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Sei lá . . .
Numa cama alta pensava enquanto os bolos da lata velha eram comidos em pequenas dentadas. Atirava frases ao ar á espera que estas ficassem coladas ao tecto, insistiam em cair. Olhava á volta com medo que alguém alí estivesse, a difamar. Fazia retratos de sombras com os dedos encarcilhados do frio que havia. Gargalhadas aos pares completavam o escuro que existia. Um olho fechado outro meio aberto. A contar os cliques do relógio que o faziam cantar. Na caravana de madeira roubada na estrada.
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