sexta-feira, 9 de julho de 2010

Saudade

A saudade .
A respiração da saudade é demasiado corrida, demasiado violenta e desgastante.
Quando temos saudade só queremos que a outra pessoa volte, que se chegue perto de nós, e nos olhe, de frente, não nos olhos, na alma.
A saudade é para mim o sentimento mais curto, mas nem por isso mais feliz, é o mais curto porque tudo consiste num adeus, ou mesmo num até logo. Passa tão depressa.
Esta é a saudade de rever.
Quando alguém se vai embora, para sempre, como as estrelas que rebentam, e nunca mais volta a saudade é diferente, é longa e para sempre triste. Falta de tocar, falar, olhar, gostar, sem termos quem o merece, é difícil. E depois quem nos cura desse mal? O santo ninguém que mora da rua debaixo? Não, claro que não é outro alguém. Temos de ser nós mesmos e nós próprios, são coisas diferentes.
Tem de partir de cada canto da nossa mente a vontade de não haver mais saudade, de desinfectar a ferida e, de a sarar, com o tempo. Só o tempo faz destes trabalhos, minunciosos como a construção do amor. Quem seria eu, e nós, sem o tempo? Um perdido nas horas. Uma alma penada atrás dos ponteiros de um relógio, como que é quem se atrasa na vida, árdua e perdidamente.
Enfim. Partem, retornam, por vezes. E quem espera, nem sempre alcança, sentado numa pedra chamada coração as saudades apertam, e só com o tempo, mais uma vez, começam a derreter e a desaparecer.

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