terça-feira, 29 de junho de 2010

" - Era o que eu via. Mas não te via a ti" -

Enquanto fumava eu olhava. Via e deitava o meu olhar pouco ajoelhado sobre duas cadeiras sem ninguém nelas sentado, um relvado verde onde ninguém estava estendido ou feliz, ninguém lá parava. Uma grade branca protegia-me das gentes, uma grade sem vida, sem um único pequeno pássaro lá pousado.
Um arbusto em forma de buxo onde moravam folhas verdes-secas, nada secas, mas verde-secas. Via chão de tijoleira, chão velho, pisado, tão usado, gasto, onde os meus pés pisavam, por debaixo de uma mesa onde apoiava os cotovelos e escrevia, os meus pés tocavam um no outro, sem chocarem.
Era o que eu via. Mas não te via a ti, não lá estavas, nunca apareceste. Nunca chegaste a chegar. Era como se para sempre tivesses partido sem sequer existires. Sabes que mais? Ao menos não me lembro de ti, de tão pouco tempo que te tive nos olhos, não ficou nada. E tu nunca mais vais ouvir nada de mim. Nem jamais ouvirás falar sobre mim.
Aqui e assim me desligo de ti, morremos os dois, um para o outro, tal e qual, sem sequer nos olharmos.
Que dói, doí. Mas que nunca mais vou sofrer, também nunca. Porque te esqueci.

4 comentários:

  1. ....e sabes, às vezes, nunca ninguém esteve de facto lá. o amor é que nos faz ter uma visão distorcida da realidade acabando por nos iludir em relação a quem nos faz sentir.*

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