segunda-feira, 3 de maio de 2010

Menina do rio, no rio...

Andava por ali a nadar, no meio de duas colinas com verdes escuros claros e mais ou menos disso também. Salpicada de verde era a paisagem, onde o sol de tarde batia reflectindo a mais terna e pura luz.
Por onde ela se boiava havia corrente e ondas. Ondas que embatiam nas rochas delineadoras do leito daquele rio fino e longo. Ondas que criavam espuma como quem cria caspa da cabeça seca ter. Ondas que se atiravam contra a dureza dos rochedos como se quisessem deixar de existir por ali.
Jangadas de madeira velha e podre passavam ao fundo do horizonte, mal se viam. Em cima delas remavam seres estranhos, desconhecidos, mal vistos. Tinham tranças e pele escura mais nada se percebia.
Por baixo dela morriam peixes e vidas. O logo deixava de vir a superfície. Algas de água doce amargavam deixando de ser melosas.
Ali a boiar olhava o céu de nuvens claras por onde pássaros voavam espalhando o cheiro de suas penas secas. Não lhe faziam alergias.
Ao longe ouviam-se músicas festivas, sons de trompetes e pandeiretas não sei mais o quê. Talvez uma voz de alguém, esganiçada, a cantar qualquer coisa feia ou menos bonita.
Cada vez mais o sol descia e se punha, cada vez mais as ondas se atiravam ás paredes daquele rio, cada vez mais pássaros voavam por ali, cada vez mais nuvens se viam, cada vez mais jangadas passavam, cada vez menos respiração ela tinha, estava cansada.

E mais não vos digo, porque também não o mais sei...

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