Ele estava sentado no seu canapé de fino veludo amarelo mostarda, encostado a uma espessa e dura parede caiada de branco camélia, numa das suas históricas mãos segurava o copo de balão com um vinho escuro e molhado do qual, pelo seu fino gargalo bebia em pequenos goles o líquido que lá descansava. Do outro lado da mesma parede ela bebia o seu chá verde tépido, arrefecido pela atmosfera de inverno frio que pela janela entrava.
Nunca se viram, nunca se falaram, eram vizinhos, vizinhos próximos mas distantes.
Num dia qualquer, em que o sol era frágil e as folhas das árvores percorriam o chão seco sopradas pelo vulgar vento de sul, encontraram-se á entrada do prédio alto e fino, houve uma troca de olhares inocentes, indecisos, ingénuos e incertos, que não lhes serviu de nada, nem sequer de consolo porque, passados 13 segundos a fita de filme rachou, partiu-se, e a história acabou, a bobine caiu ao chão e nenhum de nós ficou com uma real e credível noção...
Francisco H. M.
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